O vestuário sempre foi elemento social importante, porque através da roupa acessórios e jóias podia conhecer-se o real poder, prestígio e riqueza de uma pessoa ou família. Até o século XVI, as crianças eram vistas e vestidas como “adultos em miniatura”.
Nos séculos passados, o primeiro ano de vida das crianças era uma verdadeira tortura. Da cabeça aos pés elas eram totalmente envoltas em faixas com o objetivo de mantê-las aquecidas e ao mesmo tempo prevenir ou corrigir a má formação do esqueleto. Estas faixas, presas por tecidos de linho ou cânhamo e só eram retiradas para fazer a troca de roupa, pois acreditava-se que os movimentos desordenados podiam prejudicar o recém nascido.
O vestuário infantil era sinônimo de controle e disciplina, submetendo a criança a roupas semelhante à de seus pais. Os filósofos que buscavam a construção de uma nova sociedade, pregavam a necessidade de roupas mais leves e com uma conotação infantil. A Jean Jacques Rousseau, por volta de 1762, começou a combater a moda que não dava liberdade às crianças, teoria que tinha apoio de educadores, médicos e filósofos.
De um a cinco anos usava uma túnica simples unissex, de cor única, preta, vermelha ou marrom, com fendas laterais para facilitar o movimento das pernas, muitas vezes com cortes na frente ou posterior para facilitar a limpeza e higiene, sem distinção entre os sexos. Contudo, no final de 1500, a moda introduziu uma variante nesse vestuário. Da simples túnica, quase monástica, passou-se para um modelo mais elaborado, totalmente abotoado: corpete e avental branco bordado usados indistintamente para meninos ou meninas, estilo que perdurou até o início de 1800. Mas, o verdadeiro símbolo da roupa infantil eram as tiras de tecido ou couro que desciam dos ombros e que serviam para ajudar as crianças a andar e que tinham aspecto decorativo.
Mais tarde, em em 1865, Lewis Carrol em seu livro Alice nos Pais das Maravilhas, sugeriu um traje para uma menina espirituosa e inteligente. A roupa de Alice era simples, leve e solta, com poucos acessórios, o que dava liberdade aos seus movimentos. Essa personagem serviu de inspiração para as meninas do século XX.
Por volta de 1850, o então príncipe de Gales, futuro Eduardo VII a bordo do iate real, Victoria & Albert, usou o traje de marinheiro com calça branca, casaco azul marinho com gola quadrada, trabalhada com galões e uma boina. Para as meninas também havia uma versão da roupa com saias plissadas. Vestir as crianças de marinheiro virou moda na sociedade inglesa, que desejava ter um filho servindo à Marinha Britânica, a mais prestigiada do mundo desde o inicio do século XIX.
O traje conhecido como O Pequeno Lord foi lançado por volta de 1885, como roupa de criança exemplar, influenciado pelo personagem do livro O Pequeno Lord Fauntleroy de Frances Hogdson Burnett. Era composto por knicker e casaca em veludo preto, com gola e punhos em renda.
O traje de marinheiro foi desaparecendo a partir de 1935 e conjunto Eton passou a ser usado apenas em solenidades como primeira comunhão e casamentos. Nessa época, os trajes militares e do escotismo, com seu uniforme de calças curtas, camisa com gola aberta e pulôver, passaram a influenciar a moda infantil, porque era comum as crianças estudarem em escolas militares.
Na Inglaterra e Estados Unidos, os trajes de esporte com mais coloridos aos poucos foram substituindo os uniformes rígidos do inicio do século. A partir de 1920, imitando os adultos, os meninos passaram a usar o knicker, uma espécie de calção muito curto no início, acima dos joelhos, se alongando até o tornozelo, no final dos anos de 1930.
No Brasil, essas mudanças demoraram um pouco mais para acontecer. Até os anos de 1920 as roupas infantis se assemelhavam às dos adultos. Os vestidos infantis ainda eram muito sofisticados. Da mesma forma, até 1930 os meninos seguiam as influências militares do pós-guerra.
Logo após o fim da Segunda Guerra, houve um retorno à vestimenta mais sofisticadas. O nível de vida das classes populares começou a crescer, no inicio dos anos de 1950 e os pais passaram a vestir as crianças com mais requinte. As roupas mais usadas eram conjuntos de veludo preto, camisas bordadas, gravatas de seda, vestidos de renda, anáguas de tule foram por alguns anos símbolos de elegância.
A partir dos anos de 1960, a moda infantil passou por muitas transformações significativas. As chamadas vestimentas de aparato, também conhecidas como roupas de domingo, aos poucos foram desaparecendo. As roupas passaram a ser mais resistentes, menos enfeitadas e bem mais práticas. O jeans surgiu nesse período e passou a ser usado tanto para meninos, quanto para meninas, como uma espécie de uniforme. Foi aí que as roupas passaram a ser produzidas por segmentos esporte, passeio e festa. Além disso, do ponto de vista estético, a roupa infantil passou a ser feita pensando nas necessidades da criança.
No decorrer dessas transformações, podemos observar um amadurecimento do pensamento social. Podemos considerar a segunda metade do século XX como um período da legitimação do direito da criança, quando esta passou a conquistar seu reconhecimento na sociedade.
fonte: Tania Neiva
Na Baratinha, você encontra moda infantil também! Confira:
Nenhum comentário:
Postar um comentário